Davi

Davi era filho de Jessé, segundo rei de Israel, sucessor de Saul, que lhe deu em casamento a sua filha mais moça, Micol. Em sua mocidade, Davi foi pastor e músico; era perito na execução da harpa. Como Saul foi rejeitado por Javé, devido à sua selvageria, Davi foi escolhido para reinar em seu lugar. O profeta Samuel, a mando de Deus, ungiu-o secretamente. Ficou célebre a sua luta contra o famoso gigante filisteu, chamado Golias. Com isso adquiriu enorme popularidade, o que causou despeito a Saul. Davi tornou-se amigo íntimo de Jônatas, irmão de Micol, e ambos procuraram resguardá-lo das iras de seu pai. Com a vitória filisteia nos montes de Gelboé, eles se tornariam os filisteus senhores da Palestina. Davi, entretanto, galgou o trono e recomeçou os combates contra eles.

Davi encontrava-se em Hebron quando os chefes de Judá o proclamaram rei. Ele marchou contra a cidade de Salém (Jerusalém), que se achava nas mãos dos cananeus. Vitorioso contra eles, foi dado o seu nome à cidadela (Cidade de Davi), que, após tremenda resistência, caiu em seu poder. Senhor da cidade, cuidou de embelezá-la. Fez aliança com Hiran, rei de Tiro, para que este mandasse erigir ali, por seus construtores, um soberbo palácio. Hebron passou a ser a capital do reino. Davi procurou reorganizar o culto sagrado. Fez de Jerusalém o centro cultual de Israel, fortificou a cidade, levou para lá a Arca da Aliança, que se encontrava em Cariatiarim, entre imponentes festivais, dos quais participaram nada menos de 30.000 pessoas. O próprio rei cantava com o povo e dançava alegremente diante do símbolo sagrado da tradição israelita. Foi elevado um tabernáculo para abrigar a Arca. Organizou-se o sacerdócio para o ministério cotidiano do culto. Nada menos de 24.000 levitas foram incumbidos das funções litúrgicas. Esses sacerdotes eram assistidos por 6.000 escribas e magistrados, que eram então os intérpretes da Lei (Torá).

O próprio rei compôs inúmeros Salmos para serem cantados nas celebrações religiosas. Coube a Davi organizar o reino administrativa e politicamente, de tal modo que, no fim do seu reinado, Israel era uma potência respeitável. Desde a sua juventude Davi esteve envolvido em guerras. Combateu todas as nações vizinhas: filisteus, moabitas, amonitas, sírios e edomitas. Foi representado por cristãos como o mais prestigioso rei de Israel e o mais importante ancestral de Jesus. Já nas catacumbas se encontra sob os traços de um jovem pastor. Aparece às portas das catedrais no cortejo daqueles que prepararam a vinda do Messias. Como muitos salmos lhe são atribuídos aparece frequente no frontispício deste livro bíblico nos manuscritos da Idade Média. Mas é, sobretudo a vitória do jovem pastor sobre Golias que é evocada e torna-se símbolo da vitória do cristão sobre o pecado, como também símbolo de Cristo vencedor de todos os inimigos. Na Renascença italiana tornou-se símbolo da altivez humana, um pretexto para exteriorizar as maiores emoções na vitória. O arrependimento de David descrito no salmo 50 é bem representado, aparecendo na posição vertical de certas estátuas do século XVIII, como na prosternação total.

São seus atributos: a funda, o leão (realeza), a espada (contra os filisteus), a harpa, o diadema régio.